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A Baleia- dramaturgia e outras ideias

Fechando este blog, gostaria de encerrar com umas reflexões a partir do filme The Whale , de Darren Aronofsky. O filme é baseado em uma peça homônima do dramaturgo norte-americano Samuel D. Hunter, que a adaptou para as telas. Essa correlação entre dramaturgia, cinema, teatro e música é o que pretendo discutir, sempre pensando nos processos criativos nossos, a partir das atividades de Huguianas. Hugo Rodas pensava como um diretor de cinema. Ele me falou várias vezes que imaginava as suas montagens como um filme na sua cabeça. Cresceu com o cinema, era um cinéfilo, e fazia uma direção de cena como se organizasse uma obra cinematográfica.  Esse hibridismo entre teatro e cinema torna compreensível um tanto sua obsessão pelas marcas, pelo espaço, pelos gestos, como a feitura de algo para ser visto por alguém.  A teatralidade de The Whale é ostensiva: a maioria dos acontecimentos se dão dentro de um espaço interno ao apartamento de Charlie. A clausura de Charlie em sua obesidade mórbida inc

Entrevista de hugo, em 2016

"O mais incrível é que cheguei com uma proposta nova, que era a junção da dança, da interpretação e da música em um só instrumento, o corpo." A sua história em nosso país começa pela Bahia. Como se deu esse encontro e o que o levou a trocar o Uruguai pelo Brasil? Fui convidado, em 1974, junto com um grupo de Montevidéu, a participar da 8ª edição do festival de inverno. Eu já conhecia toda a turma de dança da Bahia, e Clyde Morgan, que era diretor da Escola de Dança da Ufba, me convidou. Foi uma experiência inacreditável. Sempre digo que o impacto que me causou o tango foi o mesmo que me causou o samba. Cheguei a voltar ao Uruguai, mas decidi que não ficaria. No final daquele ano, em dezembro, peguei um voo para a Bahia. Imagina o que era a Bahia em 1974? Era absolutamente maravilhosa, um paraíso, fora da realidade de qualquer ser humano. Foi o lugar onde me descobri totalmente, onde descobri o meu animal, onde me encontrei na minha essência mais intrínseca. O senhor mora em B

Conclusões e retomadas

 Com as duas apresentações no dia 16 de fevereiro encerram um ciclo do projeto Huguianas, o primeiro depois da Pandemia. Depois de sua aposentadoria compulsória em 2009, Hugo, para manter o vínculo com a Universidade, começou a desenvolver um treinamento para atores ministrado semanalmente, no qual ele trabalha fundamentos que orientaram sua carreira como diretor e professor de teatro.  Durante sua estadia na Unb, Hugo era responsável por cursos de entrada e de conclusão: havia Obac 2, oficina básica de teatro, no qual se expunha os estudantes aos seus limites psicofísicos, o que determinava que tomassem escolhas, escolhas profissionais, estéticas e existenciais.  Nas disciplinas de fim de curso, Interpretação 4 e Diplomação o foco era em montagens, no qual se pensava do texto à encenação. Assim, temos duas experiências diversas: treinamentos intensos em fundamentos da linguagem e uso desse treinamento em montagens.  Comecei a trabalhar nesse projeto de aposentadoria do Hugo quando ele

Vídeo da apresentação

 Link: https://youtu.be/O-tP-xDc5R0

Links dos últimos ensaios 7,9,14 fevereiro, 24 e 31 de janeiro 2023

  24 janeiro um  https://youtu.be/nLXbuLbYmgM dois  https://youtu.be/KxEXCvHnDGs 31 janeiro um  https://youtu.be/jPMghdCzKUs dois https://youtu.be/RpK_ybfhvmM 7 Fevereiro um  https://youtu.be/AygfRrOTne0 dois https://youtu.be/TYuzJTFPwOg 9 de fevereiro https://www.youtube.com/watch?v=zPOOPs9npJE 14 fevereiro https://youtu.be/hzvrnzBUN8Q

Começo de ensaio

 Há diversos modos de se começar o ensaio. Ontem, dia 09/03/2023, propus pro Flávio que no lugar de usar riffss acelerados e intensos, como muitas vezes faço, que se trabalhasse em contraposição a isso, valendo-se de câmara lenta e silêncio.  O que muitas vezes pode ser um recurso de se resolver algum problema de agenda( viagem, atrasos dos condutores do ensaio) também se transforma em uma estratégia de ensaio.

Pedais e outras coisitas más

  Nestas últimas semanas, a preparação para as apresentações alterou as atividades de todxs os envolvidos no processo criativo.  Dos exercícios, das improvisações, passamos a buscar uma disposição das cenas para sua apresentação.  Durante a fase anterior, os sons produzidos eram tanto indutores de movimentos quando se valiam dos movimentos do atores. Soluções rápidas e imeditas eram necessárias. Não havia a dicotomia que na maioria das canções se trabalha: a linha principal da voz/melodia, e seu acompanhamento. Assim, diante dessa dispersão sonora, o ponto de partida não era a da hierarquia de papéis entre os intérpretes e o compositor em cena.  Com a preparação das cenas para apresentação, todas essas vivências que nos expuseram a diversas relações entre cena e som foram redefinidas. Duas situações foram vieram ao primeiro plano: as canções de cena e as cenas individuais ou de duplas.  Nas canções de cena as ações esperadas da produção sonora foram explicitadas: a- dar a referência de